Por razões várias voltei a passar alguns domingos da Quaresma, fora da ilha…
Chegou então o tempo da Procissão de Passos que, em Lisboa, se realiza em três domingos diferentes, para que nessas paróquias, não se sobreponham os mesmos actos cívico-religiosos. Ainda bem que há organização…
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Estive presente na paróquia de Santos-o-Velho, Madragoa, na Igreja dos Santos Mártires de Lisboa, Veríssimo, Máxima e Júlia, de onde saiu a Procissão do Senhor dos Passos no domingo 3 de Abril, com um percurso de quase duas horas, sermão do encontro, com a Senhora da Soledade e com a leitura de textos apropriados em todas as catorze estações da Via Sacra, solenemente recriada pelas ruas da paróquia, incluindo os bairros da Madragoa, Lapa e Prazeres. Em comparação com a procissão do Senhor dos Passos do ano transato, na mesma paróquia, mas que percorreu outro giro, terminando na Travessa do Pasteleiro, Rua da Esperança e Rua de Santos-o-Velho, esta teve outra dimensão e outro recolhimento, possivelmente porque a tarde primaveril era propícia à contemplação e introspeção do caminho percorrido por Jesus até ao Calvário…
Há muitos anos, cerca de cinquenta, quando a mesma Procissão se realizava nas Lajes, saindo da Igreja de São Francisco (a Matriz estava em construção) e percorrendo as ruas da vila, ainda com muitos “Passos” do que hoje restam três – Rua do Engenho, Rua de Baixo e Rua P. Manuel José Lopes, este mudado da Rua do Passal (nas traseiras da Matriz). Além destes lembro-me de mais dois: junto à casa de meu tio Edmundo e outro junto da casa do António Manuel Garcia Machado. Estes últimos eram montados só para esse dia, mas com o mesmo esmero e dignidade. A Senhora da Soledade, (imagem de roca) era “vestida” em minha casa e o encontro dava-se nesse passo da Rua do Passal (salvo erro)…
Lembranças de outros tempos.
Em São Roque também se realizava esta procissão, recuperada na altura do Padre Idalmiro, enquanto pároco e julgo que há três anos, ainda se realizou com as duas filarmónicas da vila, mas, como as outras (Corpo de Deus e Senhor Morto – 6ª feira Santa) vai descambando para o esquecimento. Com muita pena o refiro aqui.
A das Lajes julgo que ainda continua e oxalá que sim.
Julgo que a nova evangelização não acabou com esta procissão, que mais não é do que uma Via Sacra. Esta passou a ser muito usual no tempo da Quaresma e “teve origem na época das Cruzadas (do século XI ao século XIII): os fiéis que então percorriam na Terra Santa os lugares sagrados da Paixão de Cristo, quiseram reproduzir no Ocidente a peregrinação feita ao longo da Via Dolorosa em Jerusalém.
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O número de estações, passos ou etapas dessa caminhada foi sendo definido paulatinamente, chegando à forma atual, de catorze estações, no século XVI. O Papa João Paulo II introduziu, em Roma, a mudança de certas cenas desse percurso não relatadas nos Evangelhos por outros quadros narrados pelos evangelistas; Existem diversas meditações de autores espirituais sobre a via crucis ou via sacra, dentre elas as que foram utilizadas em Roma, durante os últimos anos foram: Via Cucis com a Mãe, 2006; Via Crucis do card. Ratzinger, 2005; Via Crucis de João Paulo II, 2004; Via Crucis de João Paulo II, 2000; Via Crucis de Karol Wojtyla, 1976.”
Dá apenas para perguntar, o porquê de se irem abandonando hábitos religiosos que nos foram deixados pelos nossos antepassados?
De quem será a culpa? Possivelmente de nós todos…
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